Um projeto desenvolvido pelo Sebrae Alagoas, junto com parceiros, está lançando um novo olhar sobre a Ilha do Ferro que vai muito além do famoso artesanato criado pela comunidade local. O Reflorilha terá várias frentes de atuação que, juntas, garantem políticas públicas, diversificação da Economia Criativa, foco no reciclado, turismo consciente e sustentabilidade na região.
Ele vem sendo desenvolvido no povoado ribeirinho em parceria com a Prefeitura de Pão de Açúcar, Instituto do Meio Ambiente (IMA), Secretaria de Estado da Indústria, Comércio e Serviços (Sedics) e a Associação Ilha das Artes. Todo o trabalho é realizado em sintonia com os moradores da região.
Entre as ações previstas e em curso estão a coleta seletiva de resíduos, instalação de viveiro de espécies nativas, melhoria do tratamento da água (saneamento básico), criação do Conselho de Desenvolvimento Sustentável da Ilha do Ferro, criação do centro de informações turísticas, ações de Educação Ambiental, e estruturação de um sistema de pagamentos por serviços ambientais (ecossistêmicos) e absorção de carbono integral na Ilha do Ferro.
“Essa interação de tanto projeto junto é para fazer com que aquele ateliê a céu aberto perdure por muitos anos e as próximas gerações possam usufruir da caatinga e de outras espécies que são utilizadas hoje na arte e que eles possam também criar como os artesãos de hoje”, explica Ana Madalena Sandes, analista do Sebrae Alagoas.
“Nesse caso não são, necessariamente, negócios de impacto, mas estamos trabalhando para que as suas ações sejam impactadas positivamente. Dessa forma, trazemos um modelo inovador para as pessoas que vivem de recursos naturais e, além disso tudo, queremos também implementar a compensação de carbono por lá”, completa.
A analista lembra que a Ilha do Ferro vem se destacando bastante no artesanato, um trabalho que, em sua maioria, reutiliza madeira do bioma da caatinga, mas que os artesãos pouco se preocupavam com o replantio.
“Como a caatinga é o único bioma que só existe aqui no Sertão brasileiro, nós devemos cuidar para que ele não seja extinto. Por isso, nós voltamos o nosso olhar para a região, já que é uma atividade que cresce bastante, e construir um viveiro para plantar todos os tipos de árvores que são utilizadas por eles”, observa.
“Além disso, fizemos um diagnóstico de território criativo para que possamos diversificar as atividades na Economia Criativa, turismo e principalmente na educação das pessoas que ali estão e que devem se preocupar com aquele pedaço de paraíso”, diz Ana Madalena.
Gestora de Artesanato do Sebrae Alagoas, Marina Gatto afirma que o objetivo maior do Reflorilha é tornar o território sustentável e “vivo” por muitos anos, para que a comunidade ribeirinha do São Francisco possa sempre continuar produzindo.
“A Ilha do Ferro se tornou conhecida por seu artesanato com o bordado Boa Noite, mas principalmente pela atividade artesanal com a madeira. A visibilidade e a procura por esses artistas e o local que estão inseridos vêm crescendo cada vez mais. E nós, como parceiros dos artesãos e do desenvolvimento territorial do estado, estamos juntos para que a Ilha se torne cada vez mais conhecida, porém, através de atividade sustentável e consciente, além de um exemplo para todo o Brasil”, destaca.
“O plantio de mudas é uma ação que pretende educar a comunidade para que isso seja uma prática recorrente e que desperte nos moradores a preocupação e o cuidado que devem ter com o ambiente em que vivem e a atividade que exercem como meio de vida”, diz.
Para Yang da Paz, jovem artesão da Ilha do Ferro e um dos entusiastas das propostas de reflorestamento e associativismo, trata-se de uma nova possibilidade de reconhecimento para o povoado. “Com orientação e adoção de boas práticas, a gente pode adotar muitas iniciativas que já fazem parte das ideias de moradores e artesãos. Ter acesso às mudas e fazer um plantio planejado vai trazer um novo propósito para quem vive e trabalha aqui”, afirma.